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28 de agosto de 2019

Tudo que eu preciso saber, aprendi no Jardim de Infância

     Tudo o que eu preciso saber sobre a vida, o que fazer e como ser, eu aprendi no Jardim de Infância. A sabedoria não estava no topo da montanha de conhecimento que é a faculdade, mas sim, no alto do monte de areia do Jardim de Infância.
     Essas são algumas coisas que eu aprendi: dividir tudo, ser justo, não machucar ninguém, colocar as coisas de volta no lugar de onde foram tiradas, arrumar a própria bagunça, nunca pegar o que não é seu, pedir desculpas sempre que magoar alguém, lavar as mãos antes das refeições, dar descarga e que leite com bolachas fazem bem para a nossa saúde.
     Também aprendi a viver uma vida balanceada: aprender um pouco, desenhar um pouco, pintar um pouco, cantar um pouco, dançar um pouco, brincar um pouco e trabalhar um pouco todos os dias Tirar uma soneca todas as tardes. Quando sair na rua olhar: os carros, dar as mãos e ficar junto.
     Lembra daquela sementinha de feijão no potinho de Danone? As raízes crescem para cima e ninguém sabe com certeza como ou por que, mas todos nós somos exatamente como ela.
     Peixinhos, passarinhos, gatinhos e cachorrinhos e até mesmo a sementinha de feijão no potinho de Danone - todos morrem - assim como nós. E então, lembre dos livros de Chapeuzinho Vermelho e das primeiras palavras que você aprendeu. As maiores de todas: Mamãe e Papai.
     Tudo o que você precisa saber está lá em algum lugar. Regras sobre a vida, o amor, saneamento básico, ecologia, política, igualdade e fraternidade. Pegue qualquer um desses termos e extrapole para sofisticadas palavras da linguagem adulta e então aplique em sua vida familiar, trabalho, governo ou mundo, e tudo continua firme e verdadeiro.
     Pense como o mundo seria melhor se todos nós - o mundo inteiro - tomássemos leite com bolachas às três horas da tarde, todas as tardes e depois, deitássemos com nossos travesseiros no sofá da sala para uma soneca. Ou então, se todos os governos tivessem como política básica sempre colocar as coisas de volta no lugar de onde foram tiradas e também sempre arrumar suas próprias bagunças.
     E continua verdade, não importa sua idade, quando sair para o mundo dê as mãos e fique junto.

Robert Fulghum

9 de setembro de 2009

Animais

 
  
  
  
  
  
  
  
  
 

28 de agosto de 2009

Avaliar na Educação Infantil - Kelma Janiery E. Pamplona

     Somos herdeiros de um modelo atual de ensino, sistematizado desde o século XVII. O educador é muito examinado durante toda sua vida escolar quando estudante e, ao se tornar profissional, repete esse comportamento.
     Ao longo dos anos, pedagogos e profissionais da Educação tentam mudar a vigência da pedagogia tradicional, que responde a um modelo seletivo e excludente.
     Segundo Luckesi, “a avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico que levam a uma intervenção, visando à melhoria da aprendizagem”. Ela deve propiciar elementos diagnósticos que sirvam de intervenção para qualificar a aprendizagem.
     O processo de avaliação na Educação Infantil é amplo e complexo. Há aspectos internos e externos à escola a serem observados. Os externos são a escassez de recursos e as más condições de ensino; os internos dizem respeito à relação educador x aluno. O educador precisa conhecer a criança em seus aspectos emocionais e culturais, além de conhecer a história de vida da criança em seus aspectos familiares, pois esses fatores contribuem ou interferem no desenvolvimento da aprendizagem.
     Para significar a relação educador x aluno e para que esta relação esteja garantida sem a interferência da seleção, “poder-se-ia dizer que o principal instrumento de toda avaliação formativa é, e continuará sendo, o educador comprometido em uma interação com o aluno” (Perrenoud, 1999). Essa interação é, também, a observação do aluno como indivíduo único compartilhando com os demais, e devemos entender e atender as necessidades de cada um, partindo do pressuposto de que sua construção do conhecimento é dicotomizado.
     A avaliação na Educação Infantil significa uma reflexão do educador sobre o processo de aprendizagem e sobre as condições oferecidas por ele para que esta aprendizagem possa ocorrer. Sendo assim, caberá ao mesmo investigar a adequação dos conteúdos escolhidos, a proposta lançada, o tempo e ritmos impostos ao trabalho, tanto quanto caberá investigar as aquisições das crianças em vista de todo o processo vivido, na sua relação com os objetivos propostos.
     Na esfera educacional infantil a avaliação que se faz das crianças pode ter algumas conseqüências e influências decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento. Neste sentido, a expectativa dos professores sobre os seus alunos tem grande influência no que diz respeito ao rendimento na aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma visão global da criança. Não é aconselhável concentrar esforços no que as crianças não sabem fazer e, sim, considerar as suas potencialidades.
     Quando se tem uma imagem positiva da criança e se espera que ela obtenha bons resultados, pode-se estar favorecendo que ela se sinta capaz de enfrentar caminhos e dificuldades e, conseqüentemente, possa desenvolver habilidades específicas inerentes ao seu aprendizado.
      A avaliação é um elemento-chave de informações que serve para a tomada de decisões do educador. Este deve tentar proporcionar a todos os alunos a possibilidade de vivenciarem experiências de sucessos, para que todas as crianças tenham vontade de aprender e crescer com o seu grupo de companheiros.
     Na Educação Infantil, a avaliação tem a finalidade básica de fornecer subsídios para a intervenção na tomada de decisões educativas e observar a evolução da criança, como também, ajudar o educador a analisar se é preciso intervir ou modificar determinadas situações, relações ou atividades na sala de aula.
     Desse ponto de vista, ela serve basicamente para avaliar o que acontece quando é colocado em prática o programa que foi planejado previamente e para verificar se é preciso modificar ou não determinadas atuações do educador. Assim, a avaliação está sendo utilizada para recolher informações que ajudam a melhorar as propostas que são realizadas em sala.
     Nesse sentido, quando se avalia, não se faz somente em relação à evolução da criança, mas também em relação ao programa, ao projeto didático e a intervenção educativa do professor.
     Quando é fixado determinado objeto educativo, deve-se considerar sempre a hipótese que, depois, com a avaliação pode-se avaliar em que medida e com que diversidade foi alcançada o objetivo proposto. Assim, deve servir basicamente para intervir, modificar e melhorar a prática pedagógica do educador e a evolução da aprendizagem dos alunos.
     A avaliação pode se dar em diferentes ocasiões e com finalidades diversas. Não deve ser reduzida a uma descrição de comportamentos observados. O educador deve conhecer profundamente o desenvolvimento mental da criança, a fim de refletir permanentemente sobre seu papel na Educação.
     É preciso recolher informações que sejam pertinentes a um determinado momento, permitindo interpretar e entender o que acontece, de modo que sirva para regular a intervenção educativa do educador e para compreender melhor a criança e suas necessidades. Essa atitude conduz o educador a uma reflexão e planejamento freqüente e produtivo com propostas de atividades e orientações aos alunos; outras vezes, propondo atividades com a finalidade de observar, escutar e de compreender o que as crianças querem comunicar.
    As observações do educador devem visar ao atendimento da criança e ao seu comprometimento com a formação do indivíduo, e não se resumir, simplesmente, a preenchimento de questionários e fichas avaliativas que tratam as crianças com uma homogeneidade que não existe, atendendo à avaliação seletiva.
     O educador, para praticar uma avaliação comprometida com a formação da criança, necessita romper com os moldes da avaliação seletiva (com provas, fichas semestrais, em que assinala a nota do aluno ou conceito) e re-significar a maneira com a qual ele poderia propor uma avaliação que esteja comprometida com os princípios básicos para o desenvolvimento da criança. As fichas avaliativas não demonstram o momento que a criança está vivenciando, ao contrário, procuram rotular o trabalho pedagógico. A avaliação não é um momento retirado do processo, e, sim, o acompanhamento da criança através de atividades contextualizadas, reforçando o papel do educador investigativo, procurando refletir sobre o raciocínio da criança, propondo o comprometimento do planejamento escolar para a construção do próprio conhecimento.
     Sendo assim, a avaliação sai do comportamentalismo dos conteúdos, criando aspecto de busca da qualidade e contextualização de cada atividade com a criança.
Para avaliar, é preciso entender a lógica da criança, como ela demonstra, a partir de exercícios e brincadeiras direcionadas. Mesmo por meio de exercícios e brincadeiras, não podemos rotular a criança, pois cada uma se encontra num ritmo diferente de desenvolvimento.
     Além do comprometimento do educador deve-se ter um planejamento que procure atender no máximo à criança em seu aspecto sociocultural e no seu ambiente interativo, rico em materiais para exploração.
     Para que a escola e o professor possam se propor a esta atividade, é necessária a contextualização do fazer, para que se proponha um trabalho qualitativo, deixando o assistencialismo da creche e Educação Infantil colocado em segundo plano.
      Com base teórica prevista no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, “a avaliação, sobretudo nessa etapa destinada a auxiliar o processo de aprendizagem, fortalece a auto-estima da criança para que acompanhem suas conquistas, dificuldades e possibilidades ao longo do processo”.
     A avaliação se dá de forma sistemática e contínua, aperfeiçoando a ação educativa, identificando pontos que necessitam de maior atenção na busca de reorientar a prática do educador, permitindo definir critérios para o planejamento, auxiliando o educador a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças.
      Para Hoffmann (1995), o acompanhamento do processo de construção do conhecimento se dá pela observação e reflexão permanentes sobre as manifestações das crianças. Deve ser essencialmente contrária a uma concepção de julgamento de resultados.
      As crianças apresentam maneiras peculiares e diferenciadas de vivenciar as situações, de interagir com os objetos do mundo físico; o seu desenvolvimento acontece de forma acelerada. A cada minuto realizam novas conquistas, ultrapassando nossas expectativas e causando surpresas. Perceber a criança como o centro da ação avaliativa consiste em observá-la curiosamente e refletir sobre o significado de cada momento de convivência com ela. Pode-se correr o risco de estar interferindo em suas descobertas, respondendo antes dela perguntar ou fazendo pela criança o que ela poderia estar fazendo sozinha. Se o educador não perceber tais ações como avaliativas, estará obedecendo a uma prática equivocada de registros finais. Situar a ação avaliativa no cotidiano da Educação Infantil exige a consideração da criança como razão fundamental dessa prática, assim como exige tomar consciência de que toda e qualquer ação do educador tem por base uma intenção.
      Para alcançar os objetivos deve-se avaliar os progressos dos alunos e, ao mesmo tempo, a eficácia de seus procedimentos, o que permite sempre que necessário uma correção de rumos ou atitudes. Essa atitude exige um processo de avaliação continuada, que se caracterizará com a observação permanente no trabalho diário junto ao aluno.

Fonte: http:// www.revistacriar.com.br/index.php?paga=13Acesso em: 12 jun.07.